CONCEITOS
A definição de 2010 como o ano internacional para a aproximação das culturas deu-se em documento formalizado através da resolução 63/22 da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 2008. O reconhecimento da UNESCO como lider deste processo deu-se pelo sucesso a missões já delegadas ao Organismo Internacional, particularmente o Ano Internacional da Cultura da Paz em 2000 e a Agenda Global pelo Dialogo entre as Civilizações, em 2001.
Conforme plano de ação definido para a celebração de 2010 como o Ano Internacional para Aproximação das Culturas, quatro estratégias preponderantes serão executadas. A seguir, veremos brevemente cada uma dessas estratégias.
ANO INTERNACIONAL PARA APROXIMAÇÃO DAS CULTURAS
O plano de ação que organiza o ano internacional é composto prioritariamente por quatro estratégias e sete modalidades de implementação. A UNESCO é assim, toda cheia de categorias em seus planos de ação, o que é excelente pra quem precisa customizar qualquer projeto ou proposta ao que foi definido. Fica claro demais. Vou tentar transpor esses principais itens pra cá.
As estratégias:
Estratégia: Promoção do conhecimento sobre a diversidade.
Definição: Com base na consistente necessidade de se conhecer o outro para que o diálogo possa ser estabelecido, será estimulada a percepção da história das civilizações, assim como será dado visbilidade para qualquer processo que tenha estimulado diálogos interculturais, com ênfase nas ações desempenhadas pela juventude. Também é foco desta estratégia o estímulo ao intercâmbio de idiomas, como porta de entrada para informações, artes e influencias criativas. O objetivo principal destes diálogos é criar ambiente para que a religião seja discutida por líderes de diferentes regiões, com vistas a aumentar o conhecimento mútuo sobre espiritualidade e temas implícitos.
Estratégia: Elaboração de um conjunto de valores comuns.
Definição: Estimular os diálogos interculturais é um processo que demanda não somente a promoção da diversidade cultural, mas também o reconhecimento de valores compartilhados, como a liberdade, igualdade, solidariedade, tolerância, respeito pela natureza e responsabilidade conjugada. Para isso, é necessário enfatizar o papel da mídia, dos eventos, festivais culturais, esportivos e religiosos, abordando fortemente os espaços públicos, como modo de disseminar estes valores, objetiva e subjetivamente.
Estratégia: Consolidação de uma educação de qualidade e construção das competências interculturais.
Definição: A educação exerce papel fundamental no respeito aos direitos humanos, como preconizado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e deve conferir a quem aprende não somente os conhecimentos e valores para entender ao próximo, mas também competências específicas para se ter abertura e apreciar a diversidade cultural. Será estimulada a revisão de livros didáticos, material para aprendizado e currículos escolares, levando em conta diferentes processos de aprendizado. Da mesma forma, deve se dar muita atenção ao papel do professor em ensinar conteúdos definidos que induzam e preparem os jovens ao diálogo e os ensine a pensar criticamente.
Estratégia: Incentivo ao diálogo sobre o desenvolvimento sustentável.
Definição: Novos espaços de diálogo também são oferecidos diariamente pelas ciências. Isto inclue a ciencia moderna, assim como as ciencias baseadas em tradições, explorando formas de reconhecer contribuições autóctones ao desenvolvimento sustentável e um modelo de desenvolvimento ambiental e agrícola alternativos. Há uma necessidade de se buscar e multiplicar novas plataformas de trocas e práticas inovadoras que nos conduzam a um pluralismo cultural em niveis locais, nacionais e regionais.
As modalidades de implementação:
1. mobilizar não somente os Estados, mas também a sociedade civil, sensibilizando queles que não se sentem responsáveis pelo problema;
2. adotar uma abordagem hosítica, que incorpore as demais agencias do sistema das Nações Unidas, assim como organizações intergovernamentais e não governamentais;
3. tomar vantagem nas incalculáveis realizaçòes da UNESCO nas áreas de diálogos interculturais, particularmente com a juventude e nas questões de gênero;
4. promover exemplos positivos e projetos originais, particularmente sobre eventos políticos, culturais e esportivos em níveis regionais, nacionais e internacionais;
5. também infatizar nas Nações Unidas/dias internacionais que tenham relação com o tópico, especialmente naqueles que a unesco for a agencia líder;
6. revitalizar acordos de cooperação entre a UNESCO e organismos governamentais e não governamentais, numa abordagem multidisciplinar e inter agencia;
7. levantar fundos extra-orçamento para financiar projetos relevantes.
APLICAÇÃO
A abordagem do ano internacional em projetos de cunho social ou no desenvolvimento de políticas públicas evidencia um alinhamento da estratégia priorizada com o cenário mundial. Com base nisso, via de regra, a captação de recursos por linhas governamentais e inclusive nos organismos internacionais pode ser facilitada.
Para a o organismo internacional, a importância da ação focada para a concretização da estratégia é claramente demonstrada por Kaplan e Norton, em seu livro “A Estratégia em Ação”. A necessidade de se estabelecer estratégias de longo prazo, com abordagens globais, reforça a importância da ação local, focada, levando em conta elementos que não podem ser abordados pela alta gestão. Tendo cunhado o termo “pensar global para agir local” (que apesar de ser um chavão, eu sempre concordei), esta referência dá subsídios para justificar a atuação de projetos de cooperação junto a estratégia definida pela UNESCO, levando em conta suas limitações de regionalidade e escopo.